Sábado, 05 de Abril de 2008, 17h00
Pavilhão de Delães
ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA E RECREATIVA DE MOGEGE - FUNDADA em 1992
BRUNO AZEVEDO enquanto atleta ganhou a Taça e Supertaça de Portugal, iniciando-se como treinador-adjunto no ano de 2005/2006 no Pousadense, onde descobriu a sua vocação e espírito de liderança. É actualmente treinador da equipa, sendo esta a segunda época ao serviço do Mogege e do futsal feminino. Fomos entrevistá-lo…
ENTREVISTADOR: Como surgiu o convite para treinar o Mogege?
BRUNO: O convite surgiu 15 dias antes do início da época passada. Havia o problema relacionado com a saída de todas as atletas e treinador que haviam sido campeões no ano anterior, e a direcção nomeou um treinador de transição, ao qual sucedi. Quando cheguei encontrei um grupo de atletas que vinham de várias equipas, algumas sem filosofia de futsal. Foi necessário trabalhar bastante.
B: Sim, realmente a herança era muito pesada, mas havia que virar a página e escrever um novo capítulo na história da Associação. Penso que todos sabiam das limitações e do longo trabalho que havia a fazer. Ninguém me pediu títulos. A Direcção apenas pediu que a equipa dignificasse a camisola e fosse o mais longe possível no campeonato. E assim foi.
B: Digamos que foi o possível dadas as conjecturas que envolveram a equipa. Tive poucos dias para trabalhar antes do campeonato começar e tinha 14 atletas, das quais nenhuma tinha sido escolhida por mim e ainda tinha a agravante das atletas de interesse estarem já vinculadas a outros clubes.
B: Dessas 14 atletas, algumas foram saindo pelos mais variados motivos e após várias prospecções e na janela de transferências de Janeiro conseguimos 3 atletas, que juntamente com outras 5 transitaram para esta época.
B: Não diria tanto. Diria antes a equipa que conseguimos. Transitaram 8 atletas e chegamos às 16. Vimos bastantes jogos, inclusive de futebol 11, para descobrirmos atletas que pudessem vingar no futsal. Como é óbvio não conseguimos todas as atletas que desejávamos, mas conseguimos grandes promessas do futsal e atletas com muita qualidade.
B: Os objectivos são muito claros, aliás são os mesmos que, em conjunto com a Direcção, traçamos no início da época. Sabíamos a dificuldade que teríamos em lutar pelo título porque a equipa é jovem e precisa de mais rodagem no futsal. Precisa de adquirir mais traquejo e maturidade e sobretudo de mais rotina a jogar
B: Isto quer dizer que a equipa tem correspondido ao que é pedido. Há um ou outro jogo menos conseguido mas isso acontece e há equipas com muito valor no campeonato. Em contrapartida há jogos em que a equipa mostrou muita qualidade e que sabe o que quer. Tenho neste momento atletas que além de grande qualidade são humildes e dedicadas. Posso dizer que honram e fazem tudo pela camisola que vestem, isso, mais do que qualquer resultado, deixa-me muito orgulhoso de todas elas.
B: Considero um elogio. Sou, na realidade, uma pessoa que procura sempre o melhor para a equipa. Concebo o futsal e qualquer outro desporto de equipa como uma oportunidade para, em conjunto, lutarmos por algo, de forma lúdica e competirmos de forma sã por um objectivo comum. Levando esta minha filosofia para o balneário, as atletas que comando são sempre avisadas da forma como trabalho e aquilo que espero delas. Assim, têm de trabalhar em conjunto, têm de ser uma equipa com disciplina e como não podia deixar de ser, têm de se unir em torno do já referido objectivo. Quando uma destas 3 vertentes não funciona então algo está mal e há que colocar a equipa novamente no trilho inicial, doa a quem doer. É isto que tenho feito, é isto que tento sempre incutir nas atletas. Uma atleta pode ser muito boa técnica ou tacticamente mas senão tiver disciplina então, para mim, não serve. Talvez por isso das 16 atletas que começaram o campeonato tenha agora apenas 10. Não se entende que atletas de grande qualidade não rendam o que sabem por outras coisas, alheias ao futsal.
B: Surpreendeu-me de duas maneiras. Primeiro porque o futsal feminino está em grande expansão. Na realidade poderia estar mais se houvesse condições para termos um campeonato nacional e também uma selecção nacional. Segundo porque não esperava que houvesse tanta gente a aproveitar-se da modalidade em proveito próprio, querendo apenas protagonismo e ultrapassando tudo e todos.
B: Dirijo a todos aqueles que tentam sempre criar confusões nos jogos, que criam boatos sem fundamento, talvez para camuflar outras situações e que tentam a todo o custo denegrir a imagem daqueles que trabalham e tentam dignificar o futsal feminino. Certamente que esses perceberão a mensagem.
B: Em termos nacionais parece-me importante que a selecção nacional seja reactivada, até porque as atletas precisam dessa motivação extra. Temos grandes atletas, do melhor que há na modalidade e devemos aproveitar esse enorme potencial em prol do país. Também poderia ser factor de união do futsal feminino. No que se refere à existência de um campeonato de âmbito nacional, parece-me que algumas das associações, que são o grande ex-líbris da modalidade, poderiam não ter condições de competir num âmbito mais alargado, mas poderia ser um campeonato dividido em 3 séries: norte, centro e sul.
B: Sim, claro, devido a todos os pressupostos que já mencionei. As pessoas de direito defendem-se dizendo que a não existência da selecção se deve ao facto de não existir competição internacional que alimente a sua actividade, no entanto, acho que está na hora dos agentes federativos fazerem a pressão necessária, junto dos organismos competentes, para que haja essa competição internacional. Há países em que o futsal feminino se tem desenvolvido bastante e não se justifica que toda a gente continue de olhos fechados para esta realidade.
B: Não costumo falar do futuro, até porque nunca sabemos o dia de amanhã.
No que respeita à ADERMogege é uma associação com história na modalidade e como tal, continuará a ter um papel de relevo e uma imagem a defender.